Agricultores vão cocriar mercado de carbono com a Bayer
Em parceria com a Embrapa, iniciativa da Bayer vai desenvolver método científico de aferição dos estoques de carbono fixados no solo durante a safra de soja e milho 2020/21.
Os agricultores muitas vezes são criticados erroneamente pelo público leigo, como se a agricultura fosse uma vilã para o meio ambiente. No entanto, a realidade é o oposto disso: os produtores rurais buscam adotar tecnologias para reduzir ao máximo os impactos ambientais da atividade. E eles podem ir além, gerando créditos de carbono para contribuir no combate às mudanças climáticas.
O vilão que provoca as mudanças climáticas é o carbono na atmosfera. As emissões de gases poluentes provocam o efeito estufa e aceleram o temido processo de aquecimento global. Contudo, enquanto carros e máquinas emitem gás carbônico, as plantas trabalham no caminho inverso: elas capturam CO² durante a fotossíntese e lançam oxigênio na atmosfera. Existem boas práticas agrícolas capazes de maximizar essa atividade e que podem ser valorizadas no campo para transformar as plantações em grandes aliadas da proteção ao clima.
Para explorar esse enorme potencial, os agricultores vão contar com a ajuda da Bayer. A empresa lançou a Iniciativa Carbono Bayer, um projeto inédito em parceria com a Embrapa que vai conduzir experimentos em fazendas brasileiras, para desenvolver uma metodologia de mensuração de sequestro de carbono e capitalizar as iniciativas ambientais dos agricultores.
O que será feito?
Na prática, pesquisadores vão analisar o solo e coletar uma série de dados para diagnosticar as áreas agrícolas, e orientar os produtores sobre as possíveis melhorias de manejo. Técnicas como a rotação de culturas, o plantio direto e melhores práticas no controle de pragas, doenças e plantas daninhas vão contribuir para a fixação de carbono no solo.
Além disso, as técnicas sustentáveis aumentam a eficiência da produção agrícola. O agricultor passa a economizar insumos e pode reduzir a aplicação de fertilizantes e de defensivos químicos, por exemplo. Consequentemente, é possível maximizar a performance de máquinas agrícolas. Com isso, o produtor pode economizar no uso de combustível e reduzir ainda mais as emissões de CO². A perspectiva sustentável traz um ciclo de bons resultados para o agricultor e para o meio ambiente.
Inicialmente, o projeto-piloto da Iniciativa Carbono Bayer vai mobilizar 1.200 produtores de soja e milho no Brasil e nos Estados Unidos. O objetivo é desenvolver a metodologia científica para mensurar a fixação de carbono no solo e cocriar diretrizes para o mercado de carbono. A iniciativa selecionou produtores que utilizam a tecnologia Climate FieldView, uma plataforma digital completa que monitora a plantação, coletando automaticamente dados de campo e via satélite, para realizar análises agronômicas e orientações de manejo.
No Brasil, a Bayer vai investir 5 milhões de euros ao longo de três anos, conforme foi divulgado em comunicado. No primeiro ano da iniciativa, durante a safra 2020/21, a empresa vai atuar em parceria com cerca de 500 agricultores que cultivam soja e milho em 14 Estados brasileiros, desenvolvendo as atividades de pesquisa em uma área total em torno de 60 mil hectares. “É muito importante conduzirmos essa nova parceria com os produtores. Acreditamos ser um grande passo para a criação de um futuro de carbono zero para a agricultura, legado para as próximas gerações”, afirmou Brett Begemann, Líder Global de Operações Comerciais da divisão agrícola da Bayer.
Além de desenvolver o conceito de agricultura sustentável e estimular melhores práticas de manejo, a Bayer vai recompensar os produtores que gerarem créditos de carbono. Eles poderão receber pagamentos em dinheiro pela Bayer ou benefícios em pontos no programa de relacionamento da empresa. A Bayer tem um forte compromisso ambiental, e uma das metas da empresa é reduzir em 30% as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) no campo até 2030.