Bê-á-bá da contracepção: o que você precisa saber para evitar uma gestação indesejada
Existem inúmeros métodos disponíveis que podem ser adotados pelo casal sob a orientação de especialistas
O tema educação sexual costuma incitar debates acalorados na sociedade, com muitas vozes contra e a favor de se falar abertamente sobre sexo. No entanto, independentemente da opinião de cada um, algumas informações são ferramentas essenciais para promover a saúde da população. Esse é o caso do conhecimento sobre os métodos contraceptivos, que auxiliam casais a fazer o planejamento reprodutivo e evitar uma gestação indesejada.
Em tempos de isolamento social para combater o coronavírus, os cuidados com a contracepção se tornam ainda mais importantes. “Não se sabe se a infecção no início da gravidez pode causar algum tipo de problema para o bebê, como ocorre no caso do vírus zika.”, afirmou o ginecologista Luis Bahamondes, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM-Unicamp).
Pesquisadores da Unicamp alertaram sobre o cenário de incertezas devido à covid-19 e os riscos de uma gravidez indesejada. Segundo os especialistas, gestações não planejadas geralmente estão associadas a fatores como acompanhamento pré-natal inadequado e complicações na gravidez ou aborto inseguro, divulgou a Agência Fapesp.
Cada mulher é única e pode apresentar diferentes condições que interferem na escolha por um método contraceptivo. “É importante realizar uma consulta médica para que o profissional possa orientá-los sobre as opções", afirmou a Dra. Patrícia Peres, em notícia no portal Terra. Segundo a médica, atualmente, os métodos contraceptivos mais eficazes são o implante hormonal, o DIU hormonal e o DIU de cobre. No entanto, vale a pena destacar que apenas os preservativos protegem contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
Métodos anticoncepcionais
Busque orientação médica para escolher a opção mais segura e compatível com a sua condição de saúde.
Adesivo
O adesivo libera hormônios femininos na pele, que atingem a corrente sanguínea e funcionam impedindo a liberação de óvulos. A mulher deve aplicar semanalmente, em local na região do abdômen, nádegas, no braço ou nas costas. Requer cuidados para manter o adesivo em boas condições sobre a pele.
Anel
Trata-se de um pequeno anel plástico flexível que contém hormônios e deve ser inserido pela mulher dentro da vagina. Deve ficar acomodado no local por três semanas e ser retirado para pausa de uma semana, durante o período menstrual, para, então, ser substituído por outro anel. O anel funciona impedindo a ovulação.
Preservativo masculino
O preservativo masculino está entre os métodos mais populares. O revestimento feito de látex ou poliuretano deve ser colocado sobre o pênis ereto do homem e descartado após cada relação sexual. Além de ser um método contraceptivo acessível, protege contra as ISTs.
Preservativo feminino
Segue a mesma proposta do preservativo masculino. A versão feminina da camisinha é um produto que deve ser inserido dentro da vagina, criando uma barreira de poliuretano fina e lubrificada. Além de impedir que os espermatozoides cheguem ao colo do útero, o preservativo protege das infecções sexualmente transmissíveis.
Coito interrompido
Significa o comportamento masculino de retirar o pênis do interior da vagina antes da ejaculação. Não possui eficácia comprovada e não é recomendado como método anticoncepcional, já que o pênis pode liberar espermatozoides em qualquer momento durante a penetração na vagina da mulher, antes mesmo do orgasmo.
Diafragma
É um disco flexível feito de látex ou silicone que deve ser inserido no colo uterino e funciona como uma barreira que impede a passagem dos espermatozoides da vagina para o útero. Exige cuidados na aplicação e posteriormente na retirada, em prazo de seis a 24 horas após a relação sexual. Lembrando que o método deve ser utilizado junto com um gel espermicida, para ter a sua eficácia aumentada.
DIU de cobre
É um dos métodos mais seguros e eficazes, sem uso de hormônios. O pequeno dispositivo em forma de “T” é inserido por um médico no interior do útero. Contém um cordão de cobre que provoca uma inflamação local, transformando o útero em um ambiente inóspito para os espermatozoides, sendo capaz de impedir a gravidez por um prazo de até dez anos.
Espermicida
Produto químico que bloqueia ou mata espermatozoides. Geralmente em forma de creme, deve ser aplicado pela mulher no interior da vagina e permanecer no local por pelo menos seis horas após a relação sexual. Não é uma opção confiável e, por isso, deve ser associado a outro método anticoncepcional eficaz.
Esponja
É um disco de espuma ou látex que contém espermicida. Deve ser molhado com água e inserido pela mulher no colo do útero. Deve ser removido entre seis e 30 horas após a relação sexual. Além de não ser muito eficaz, com taxa de 76%, pode causar risco de síndrome de choque tóxico.
Implante anticoncepcional
Trata-se de um pequeno bastão plástico que deve ser aplicado por um médico, debaixo da pele na região do braço. O implante libera hormônios que inibem a ovulação e evitam a gravidez por até três anos.
Injeção mensal ou trimestral
Consiste em injetar hormônios femininos conforme a prescrição médica, que pode combinar dosagens de progestina e estrogênio. Alguns tipos de injeção têm como potencial efeito colateral o ganho de peso e, após interromper o método, a mulher que deseja engravidar pode esperar por até um ano para ter o retorno da fertilidade.
Injeção para homens
Uma novidade é o primeiro contraceptivo injetável para homens, que está prestes a ser lançado na Índia. Trata-se de uma injeção que é aplicada em região próxima aos testículos. O método inibe a produção de espermatozoides por cerca de 13 anos e é reversível. O cientista sênior do Conselho Médico de Pesquisa Indiano (ICMR), que lidera os testes, R. S. Sharma, disse que o produto está pronto e é eficiente. “Foram feitos testes em 303 voluntários, com taxa de sucesso de 97,3% e sem efeitos colaterais. O produto pode ser denominado, com segurança, o primeiro contraceptivo masculino do mundo”, afirmou Sharma, segundo o Correio Braziliense.
Ligadura das trompas ou laqueadura
Esse é um procedimento cirúrgico irreversível, que corta e veda as tubas uterinas. Desse modo, o procedimento interrompe a passagem do óvulo para o útero e a mulher não pode mais engravidar. No Brasil, é um procedimento garantido por lei para mulheres com mais de 25 anos e que não desejam ter filhos ou para aquelas que já tenham dois filhos vivos.
Pílula
Medicamento oral de uso diário que contém hormônios femininos para impedir a ovulação. Se a mulher se esquecer de tomar a pílula diariamente, prejudicará sua eficácia. É um dos métodos mais adotados no Brasil, pela facilidade de uso e benefícios, como poder regularizar o fluxo menstrual.
Pílula do dia seguinte
É um comprimido com propósito similar ao da pílula anticoncepcional. No entanto, sua formulação contém uma dosagem de hormônios bem mais elevada que a da pílula comum, para contracepção de emergência. É um método de uso eventual, que só deve ser adotado em momento de grande necessidade, quando a mulher teve uma relação sexual insegura ou em caso de rompimento da camisinha, por exemplo. Vale lembrar que a pílula do dia seguinte não é abortiva, ela impede a gravidez antes dela ocorrer.
SIU
Esse é um dos métodos mais seguros, sendo capaz de evitar a gravidez por até cinco anos. O SIU, sistema intrauterino, que também é conhecido como DIU hormonal, deve ser inserido no útero da mulher por um médico. O produto de plástico libera lentamente pequenas dosagens do hormônio progestina, com ação localizada dentro do útero, para impedir a fecundação. Entre os benefícios, reduz o fluxo e a cólica menstrual. Atualmente existem dois tipos de DIUs hormonais disponíveis no Brasil, ambos possuem alta eficácia por cinco anos, mas diferem entre si pela dose hormonal e pelo tamanho.
Tabelinha
Consiste em monitorar o ciclo menstrual, para que a mulher consiga identificar o período de ovulação e os possíveis dias férteis. O intuito do método é permitir que as relações sexuais ocorram apenas nos dias não férteis. A técnica abre margem para erros e riscos, já que não consegue considerar variações no ciclo da mulher e existem chances de engravidar durante a menstruação.
Vasectomia
Cirurgia para bloquear os tubos que permitem a passagem dos espermatozoides dos testículos até o pênis. É indicado para homens que não desejam ter filhos. A esterilização não afeta a libido. O homem continuará com as mesmas condições de manter relações sexuais, podendo ejacular e ter orgasmos normalmente. A única diferença é que a ejaculação não conterá espermatozoides.