Descoberta da identidade durante a carreira
Quando falamos sobre pautas LGBTQIA+ é comum se pensar em assuntos correlatos à descoberta da sexualidade, mas a descoberta da identidade de gênero tem sido um assunto cada vez mais abordado e de igual relevância e validação.
Eu nasci e cresci na cidade de São Paulo (SP). Quando criança, não conseguia me reconhecer e realmente achar que eu parecia com aquilo que estavam me vestindo, mas não me sentia profundamente incomodada. Na adolescência, tive muitos altos e baixos, pois sempre conversei com todos — apesar de nunca me sentir, de fato, pertencente a algum grupo de pessoas. A partir de 2012, meu último ano na escola, comecei a buscar informações para entender mais sobre diversidade. Desta maneira, consegui sair do armário como LGBT. Nesse mesmo ano, eu achava que havia me encontrado como pessoa, mas, na realidade, minha história estava apenas começando.
Quando iniciei na Bayer, em 2018, já tive a oportunidade de me expressar diretamente como LGBT. Na época, eu tinha plena certeza do que eu era — ou achava que tinha certeza. Da minha transição, nasceu a minha “destransição”, e, então, me encontrei como uma pessoa não binária. Conversei abertamente na empresa e com amigos sobre diversidade e, com o tempo, fui desconstruindo as barreiras que existiam na sociedade, voltadas a gênero, estética, físico, entre outras pluralidades minorizadas. Quando isso aconteceu, toda a carga que eu carregava desde o período escolar fez sentido, aquele não pertencimento ao mundo feminino ou masculino. Quando passei a entender isso, pude demonstrar meu potencial como ser humano e como profissional, deixando de lado tudo o que me prendia em algum padrão social.
O mais difícil de sair desse padrão é entender quais pronomes devem ser usados e como verdadeiramente nos encaixamos neles. O gênero neutro dentro da linguagem coloquial traz grandes mudanças, como a inclusão de “E”, “X” ou “@” no fim das palavras que seriam identificadas como feminino ou masculino (por exemplo: “todes”, “todxs” ou “tod@s”). Apesar dessa tratativa ser uma forma de incluir as pessoas sem gênero, no geral ainda existem aquelas que preferem usar termos já utilizados na língua. Quando entendi isso, percebi que eu não me importava qual seria a tratativa (feminino, masculino ou neutro), mas sim o quão respeitosa é a fala de quem está me chamando. Mostre seu interesse em aprender, da mesma forma que tenho aprendido.
Na Bayer tenho a oportunidade de me descobrir todos os dias. Cada vez mais, posso sentir orgulho de quem eu sou. Essa é uma das principais razões pelas quais participo ativamente do BLEND, um grupo de afinidade na companhia voltado para os colaboradores LGBTQIA+ e aliados, no qual posso abordar e estabelecer discussões de sobre gênero, sexualidade, expressão de gênero, entre outros. Com isso, é possível descontruir os paradigmas: tanto meus, quanto de “todes” à minha volta.
Iná Zuchelli de Góes faz parte do time de Performance Management LATAM da Bayer. É estudante de Direito e amante das artes, dos livros e da política. Gosta muito de estudar e está sempre em busca do novo, sem medo das mudanças.