CIÊNCIA & INOVAÇÃO

Fazendas solares: como funcionam?

Em 2019, o consumo de energia elétrica em todo o território brasileiro foi de 482.085 GWh (lê-se Gigawatts-hora), segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Vamos entender um pouco mais o que esse número representa?

A produção de energia elétrica no Brasil

Segundo dados da prefeitura, em 2017, a cidade de São Paulo, sozinha, consumiu 148.321 GWh. Dessa forma, toda energia consumida no Brasil em 2019 seria suficiente para alimentar a capital paulista durante 3 anos — ou seria possível manter uma lâmpada de 100 W ligada por 550 bilhões de anos.

 

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Agora feche os olhos e imagine a sua vida sem energia elétrica! É comida apodrecendo na geladeira, ar-condicionado no verão sem funcionar, internet já era, e tudo que vem junto com ela: seriados, jogos, trabalho e estudo remoto. Pois é, ficar sem luz não é nem um pouco divertido.

 

Por isso, a preocupação em diversificar as formas de produção de energia deve ser levada muito a sério. No Brasil, segundo levantamentos feitos em 2019 pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), existem 7.429 usinas. Dessas, 2.469 são usinas solares, ou seja, 33% do total existente no território brasileiro está utilizando os raios solares para produzir energia elétrica.

 

Funcionamento das fazendas solares

O que são fazendas solares?

 

Fazendas solares são grandes áreas com placas fotovoltaicas que captam a luz solar e a convertem em energia elétrica, que é distribuída para residências e estabelecimentos comerciais.

 

A luz solar é composta por partículas de luz chamadas de fótons. Os fótons, ao atingirem as células fotovoltaicas, fazem com que os elétrons ali presentes se desprendam dos átomos. Uma vez livres, eles começam a se movimentar, gerando um fluxo de elétrons que cria uma corrente elétrica.

 

Cada placa fotovoltaica apresenta, em média, 60 a 72 células fotovoltaicas, e uma fazenda solar é composta por milhares dessas placas.

 

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É cada vez mais comum vermos placas fotovoltaicas em residências, porém, elas são economicamente inviáveis para grande parte da população. Então, as fazendas solares surgem como uma alternativa mais econômica, permitindo que um número maior de pessoas tenha acesso à energia elétrica produzida com essa tecnologia. Os interessados aderem a um plano de assinatura, e a energia produzida é distribuída uniformemente para todos. Se houver alguma sobra de energia, ela é passada para a distribuidora local e os consumidores assinantes ganham créditos para pagar a sua conta de luz.

 

A maior fazenda solar do Brasil

Dentre as 2.469 usinas solares existentes no território brasileiro, a que se destaca é a de São Gonçalo do Gurgueia, no Piauí. A construção da usina começou em 2018, e hoje tem a potência instalada de 608 MW. As suas placas fotovoltaicas são altamente eficientes por apresentar células de captação de luz solar em ambos os lados.

 

A fazenda solar piauiense estará funcionando na sua capacidade máxima no fim de 2020, ou seja, faltam menos de dois meses para que a usina passe a produzir 1.500 GWh. Assim, ela atuará preservando o meio ambiente e evitando que mais de 860.000 toneladas de gás carbônico sejam emitidas e alcancem a atmosfera, intensificando as consequências do aumento do efeito estufa.

 

Fazendas solares no mundo

Kauai, uma ilha havaiana, abastece sua população apenas com energia produzida pelas fazendas solares. O território tem 1.456 km² e aproximadamente 72 mil habitantes, com praticamente 41 hab./km², e todos eles têm acesso a energia garantido mesmo nos dias nublados. A ilha conta com 272 baterias de grande porte que armazenam a energia que é utilizada quando a produção não for suficiente.

 

Na Austrália, há planos para construção da maior fazenda solar, que poderá ser vista do espaço e terá o tamanho equivalente a 20 mil campos de futebol. Mas, a inovação desse projeto não está apenas no tamanho da fazenda solar: boa parte da energia produzida no território australiano será utilizada em Cingapura. Para a energia solar australiana chegar até lá, será utilizado um cabo submarino que percorrerá 4.500 km, o maior cabo do mundo para transmissão de corrente elétrica de alta voltagem.

 

A projeção, em escala mundial, é que as energias renováveis irão corresponder a 85% do desenvolvimento de consumo de energia até o ano de 2040, reduzindo, assim, o uso de fontes como carvão e petróleo. Pessoalmente, acredito que será um grande passo, mas muito ainda deve ser feito, e é nosso papel pressionar os nossos deputados e vereadores para que sejam criados cada vez mais projetos de incentivo a energia renovável no Brasil.

 

Tags: fazendas solares, sistema voltaico, energia, energia renovável.

Paulo ValimFundador do canal Ciência em Ação, o professor Paulo Valim é químico e Embaixador do YouTube Edu no Brasil.

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