O mês de junho e o meu orgulho LGBT+
Já faz 51 anos que o mês de junho é marcado pelas comemorações do orgulho LGBT+
Foi em junho de 1969 que ocorreu a revolta de Stonewall em Nova York, que marcou o início de uma revolução, quando jovens LGBT+ enfrentaram a violência policial, ficando confinados dentro do bar gay “Stonewall Inn”, demonstrando seu posicionamento e ganhando o apoio de uma multidão de pessoas do lado de fora do bar, que apoiavam este ato de resistência.

Muitas vezes me perguntam o porquê de comemorarmos o “orgulho” LGBT+. Qual a necessidade de reafirmar este orgulho?
O objetivo dessa comemoração é ressignificar a forma como historicamente fomos ensinados a encarar a população LGBT+. No decorrer dos últimos séculos, foi a “vergonha” que controlou e oprimiu os indivíduos da comunidade LGBT+, sendo comum a ideia de que ser LGBT+ era menos desejável, ou digno de respeito, do que ser hétero e cisgênero. Quando celebramos o nosso orgulho LGBT+, fazemos uma afirmação e reconhecimento, com a gente mesmo e com a sociedade, sobre nossa própria identidade. É um símbolo da nossa história de luta por igualdade de direitos e nosso espaço como indivíduos! É uma afirmação de que ser LGBT+ é tão desejável quanto não ser LGBT+. Para conhecer melhor esses termos, vale a pena a leitura da cartilha do Blend
Eu já vivi dentro do armário. Já tive muito medo de me expor e falar sobre quem eu realmente sou. Tive medo até de reconhecer que eu era gay para mim mesmo. Esse medo vinha das experiências que eu tinha vivido. Não tinha nenhuma referência de um homem gay de sucesso profissional, ou que era respeitado na sociedade. Minhas referências eram apenas de pessoas sofrendo perseguição, violência e retratadas como cidadãos de segunda classe, sem direitos, sem segurança, e muitas vezes até sem família e amigos.
Porém, como ser gay não é escolha, foi inevitável para mim encarar essa realidade e tomar uma decisão de viver infeliz no armário, ou manter minha saúde mental e assumir para mim e para o mundo quem eu era. Eu decidi sair do armário em todas as esferas da minha vida. Abandonei crenças que aprendi desde criança, me distanciei de discursos de ódio e discriminação, e por fim cheguei ao ambiente de trabalho e disse: sou gay! Um misto de medo e libertação. Um peso enorme saiu das minhas costas, porque agora não havia mais nenhuma necessidade de me esconder, tomar cuidado com cada palavra que eu falava para não ser descoberto, ou mentir sobre o que eu fiz no fim de semana com meu namorado, na época. E mais do que isso, consegui focar meu tempo e esforços no trabalho, e me senti mais produtivo!
Foi muito importante para mim que a empresa me respeitasse nesse momento. Que eu não fosse discriminado, ou que tivesse menos oportunidades de trabalho. Ser gay não mudava minhas ambições de carreira. Felizmente eu fui respeitado, e isso fez toda a diferença! Eu não sabia a importância que o meu discurso teria. O fato de eu declarar abertamente que era gay inspirou outras pessoas, e tive a oportunidade de começar a liderar o trabalho de inclusão e diversidade LGBT+ na Monsanto, e hoje continuo esse trabalho coliderando o Blend, na Bayer.
Hoje entendo melhor a importância das referências que temos, ou seja, nossos exemplos. Para mim, hoje estar fora do armário não é um ato individual, não é apenas por mim. Hoje vejo que tenho a oportunidade de ser um exemplo positivo, que eu mesmo não tive e que me fez muita falta, de alguém que é declaradamente gay e que é respeitado, e pode ter sucesso profissional também. É um ato de resistência em uma sociedade homofóbica. É uma afirmação e convite a qualquer LGBT+ que se sente oprimido a lutar também por seus direitos.
É por isso que convido todos a se juntarem aos esforços do Blend! O Blend é um instrumento muito valioso para continuarmos a construção de um ambiente mais saudável para LGBT+s não só na Bayer, mas na sociedade em que a gente vive. Participe dos eventos promovidos pelo Blend e das nossas ações neste mês de junho.
Gabriel Brasileiro tem 34 anos, é casado com o Marlon e mora em Jundiaí (SP). Iniciou sua carreira profissional há 16 anos e, nos últimos 6 anos, está na Bayer, em posições em Product Supply e Marketing. Hoje é gerente de Marketing na divisão Crop Science, e colidera o Blend, nosso grupo de inclusão e diversidade LGBT+. Já trabalha com ações de inclusão há 5 anos, e foi um dos fundadores do grupo Aliança LGBTA, da Monsanto.