Abertura a mudanças e fazer o que gosta!
Transições podem trazer medo e insegurança, mas normalmente são portas para o nosso aperfeiçoamento.
Desde os meus 14 anos, sonhava em falar inglês e ir para a Inglaterra a passeio. Nasci no famoso “cinturão-verde” em Suzano, São Paulo. Meu pai é agricultor até hoje, e lá não tínhamos recursos para estudos — ainda mais curso de inglês.
Aos 18 anos, vim para São Paulo trabalhar numa empresa de agenciamento de carga ligado ao Comércio Exterior, e então me graduei nisto. Achava o máximo! Pensei que iria usar o inglês (que eu ainda nem tinha), mas o caminho mudou. Fui parar em um provedor de internet no final dos anos 90, bem no início desta era, e depois numa empresa pequena de e-commerce (hoje, falaria em start-up), onde aprendi a fazer desde café para as visitas até implementar sistemas para clientes. Em pequenas empresas, você consegue aprender várias funções ao mesmo tempo. Depois disso, fui trabalhar em consultorias de TI (Tecnologia da Informação) de pequeno a médio porte. Acabei me especializando em implementação de processos de TI, bem como em auditoria neste setor. Aproveitei e fiz uma pós-graduação em Gestão de Projetos em TI, já que tudo praticamente é projeto na vida. Nesta trajetória, acumulei uma bagagem considerável em tecnologia.
Um dia, olhei para o meu currículo e percebi que ainda não tinha trabalhado em uma empresa multinacional. Coloquei isto no meu coração e fui adiante, até que fui chamada em um processo seletivo e a recrutadora me disse: “a vaga é para uma multinacional”. Eu respondi sem ela terminar: “eu topo!”. Entrei na Bayer em 2009, em TI, claro! Estava radiante! Lembro que no dia da entrevista eu assisti a um vídeo institucional na recepção da Bayer em Socorro (SP), e chorei. Tive que enxugar as lágrimas rapidamente, para que o gerente da companhia não percebesse que eu estava com os olhos vermelhos. Naquele momento, percebi que estava no caminho certo. E tudo realmente funcionou, estou na Bayer há 11 anos!
Então, houve um tempo em que pensei: “puxa, gostaria de mudar algo na minha carreira”. Daí, surgiu uma vaga no time de Compliance para a função de Data Privacy (Privacidade de Dados). O que me “pegou” foi deixar a área de TI que tanto gosto, mas acabei me candidatando. Na época, eu não sabia da magnitude da função e abracei! Claro que no início foi complicado, pois foi algo novo e ainda é, já que a lei sobre isso entrou em vigor no ano passado. O interessante desta função é que ainda consigo utilizar a bagagem que tenho sobre TI e gestão de projetos, mas aprendi também sobre assuntos jurídicos, ou seja, é uma carreira meio híbrida. Acredito que seja tendência do mercado.
Para esta nova era, no mundo digital, todos, sem exceção, temos que nos adentrar em tecnologia. Não ser expert, mas pelo menos ter noção — e para isto, precisamos aprender a ir atrás. Sem essa vontade, tudo se torna difícil, seja na vida pessoal ou profissional. Ainda bem que gosto de estudar! E se lembra do sonho de menina em falar inglês? Pois isso se realizou! Agora só está pendente a viagem para a Inglaterra, mas desta vez, com a minha família!
Tags: adaptação, carreira, mudança.
Elaine Stoicow é Especialista em Privacidade de Dados, casada, mãe de duas meninas. “Gosto de gastronomia, de fazer e experimentar novos sabores. Só não gosto de paçoca e dadinho”.