Erradicação do milho tiguera é essencial para o combate do complexo de enfezamento

Especialista em milho da Bayer explica que a cigarrinha pode passar dias sem se alimentar, abrigada em outras plantas, esperando o milho guaxo (tiguera) nascer

Erradicação do milho tiguera é essencial para o combate do complexo de enfezamento

 

São Paulo, agosto de 2022 — Vista de longe a lavoura de milho parece estar pronta para colheita, mas ao se aproximar a realidade é outra. Plantas mortas, dobrando com o vento, grãos chochos (mal-formados) e prejuízos no lugar de produtividade. O culpado é, provavelmente, o complexo de enfezamento, problema tão sério que está colocando não só a maior região produtora do Brasil, o Centro-Oeste, em estado de alerta, como todo o país. Entre os métodos de manejo para evitar o problema, um deles tem sido negligenciado: a eliminação de plantas de milho voluntárias, ou como é conhecido popularmente, milho tiguera ou guaxo.

 

A erradicação dessas plantas é uma prática de manejo determinante para manter longe da lavoura de milho as cigarrinhas (Dalbulus maidis), inseto vetor e disseminador do complexo de enfezamento. “O milho tiguera serve de ponte verde entre uma safra e outra, abrigando não só as cigarrinhas, mas principalmente as bactérias e vírus (agentes causais das doenças) que compõe o complexo de enfezamento. A planta pode ser infectada com os três agentes causais ao mesmo tempo: o enfezamento vermelho, enfezamento amarelo (pálido) e o vírus do raiado fino (vírus da risca). E a cigarrinha pode se infectar e transmitir os três juntos também”, comenta o especialista em cultura do milho da Bayer, Paulo Garollo.

 

Além dos cuidados essenciais como o tratamento de sementes, aplicações de defensivos químicos e biológicos de forma estratégica, optar pelo uso de híbridos de milhos mais tolerantes ao complexo de enfezamento, adequação da época de plantio (evitando plantios tardios) e não realizar plantios consecutivos de milho, outra medida tem ganhado destaque: a eliminação de plantas de milho voluntárias, tanto que a Aprosoja e outras entidades estaduais como a FAEP/SENAR, no Paraná e a Secretaria de Agricultura de Santa Catarina, criaram campanhas para alertar e conscientizar os produtores.

 

“Alguns trabalhos da Embrapa mostram que a cigarrinha consegue sobreviver até 5 semanas sem se alimentar em plantas como milheto. Tempo suficiente para aguardar o milho tiguera aparecer e fazer a ponte verde para a próxima safra. Por isso é importante controlar o milho assim que ele surgir, usando herbicidas graminicidas”, comenta Garollo.

 

Mas o desafio começa na hora da colheita da plantação comercial do milho, afirma o especialista, com a regulagem adequada das máquinas para evitar que caiam grãos em demasia no campo, ou até mesmo a quebra de espigas, contendo grãos. “É muito comum que a ponta de uma espiga se quebre e caia no solo. O problema é que essa germinação dos grãos no sabugo tende a não acontecer ao mesmo tempo. Com casos que podem acontecer até 15 dias depois. Então é importante manter o monitoramento das áreas após a colheita e controlar adequadamente”, ressalta.

 

Em regiões como parte do Centro-Oeste e até Minas Gerais podem se passar muitos dias sem qualquer chuva durante o inverno e o milho, por não ter umidade, pode ficar ali esperando a chuva para germinar.

 

Quando aplicar os herbicidas?

A eficiência do controle químico com o uso de herbicidas graminicidas também está atrelada ao estádio fenológico do milho tiguera. A ferramenta se torna mais efetiva e eficaz quando aplicada nos primeiros estádios vegetativos (2 a 3 folhas), sendo que tanto graminicidas do grupo Ariloxi-Fenoxi Propionatos (FOPs) e Oxima Ciclohexanodionas (DIMs) apresentam eficiência semelhante no controle até o estádio vegetativo.

 

“É evidente que quanto mais tarde e mais avançado estiver o estádio das plantas guaxas, mais complicado será o controle. Os gastos tendem a aumentar também, tornando o prejuízo ainda maior. Se o produtor deixar para controlar o milho tiguera maior, terá de usar graminicidas FOPs que apresentam maior eficiência em nível de campo, em relação aos DIMs, por exemplo”, afirma Garollo.

 

Por fim o especialista destaca que além de procurar a orientação de um engenheiro agrônomo para a receita e acompanhamento dos trabalhos, o produtor deverá ter atenção na aplicação. “Ele deverá se atentar aos preceitos básicos de aplicação, como as condições climáticas adequadas, escolha da ponta certa de aplicação, cobertura de gotas, pressão, volume de calda etc. Todas as melhores práticas em conjunto trarão economia e eficiência de recursos”, finaliza Garollo.

 

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