São Paulo, julho de 2023 – A proliferação da cigarrinha (Dalbulus maidis), inseto vetor e disseminador do complexo de enfezamento do milho, pode reduzir a produção de grãos em até 70%, segundo a Embrapa, trazendo prejuízos diversos aos produtores rurais. Atentos ao problema, especialistas e entidades do setor buscam a conscientização dos agricultores para que adotem medidas preventivas de forma integrada, visando controlar a praga. Uma das ações essenciais é a eliminação de plantas de milho voluntário (Tiguera ou guaxo), visando combater o enfezamento.
Os indicadores de que algo não vai bem com o cultivo são visíveis: plantas mortas, dobrando com o vento e grãos chochos ou malformados, devido ao complexo de enfezamento. O milho tiguera são todos os grãos de milho que acabam ocorrendo, principalmente, nas áreas agrícolas, após a safra do milho e que são perdidos durante o processo de colheita, bem como partes de sabugos com grãos de milho que nascem de forma natural, aleatória, nas áreas agrícolas.
“Ele acaba servindo de ponte verde entre uma safra e outra, abrigando tanto o inseto quanto os agentes causais das doenças: o enfezamento vermelho, enfezamento amarelo (pálido) e o vírus do raiado fino (vírus da risca). Por isso, ele precisa ser eliminado”, adverte o especialista em cultura do milho da Bayer, Paulo Garollo. “Ao se alimentar de uma planta contaminada com uma das doenças, a cigarrinha pode se infectar e transmitir os três agentes juntos.”
O maior problema, segundo ele, é que esta praga é resistente. Estudos da Embrapa mostram que em plantas como milheto, a cigarrinha sobrevive por até cinco semanas sem se alimentar, tempo o bastante para aguardar o milho tiguera aparecer e fazer a ponte verde para a próxima safra. “Por isso é importante controlar o milho assim que ele surgir, usando herbicidas graminicidas”, recomenda.
Conforme o especialista da Bayer, é possível prevenir o aparecimento da praga adotando medidas integradas, que precisam começar muito antes da erradicação do milho tiguera. “O produtor deve usar o tratamento de sementes, aplicações de defensivos químicos e biológicos de forma estratégica, uso de híbridos de milhos mais tolerantes ao complexo de enfezamento, ajuste da época de plantio (evitando plantios tardios) e não realizar plantios consecutivos de milho”, cita Garollo.
Outro ponto importante mencionado pelo especialista da Bayer é que durante a colheita, o produtor precisa ficar atento à regulagem adequada das máquinas, evitando que caiam muitos grãos no campo, ou mesmo a quebra de espigas, contendo grãos que irão germinar. “Essa germinação pode acontecer até 15 dias depois, por isso é necessário monitorar as áreas após a colheita”, recomenda. E em regiões que passam extensos períodos de estiagem durante o inverno, o milho pode esperar a chuva para crescer, caso de áreas como o Centro-Oeste e Sudeste, em Minas Gerais.
Tempo determina controle químico da praga
Herbicidas graminicidas podem ser usados para o controle químico da praga, porém é preciso observar o estádio fenológico do milho tiguera, pois sua ação é efetiva quando aplicada nos primeiros estádios vegetativos da planta (de duas a três folhas). “Quanto mais tarde e mais avançado o crescimento das plantas guaxas, mais difícil será o controle, pois os gastos tendem a aumentar também, tornando o prejuízo maior”, afirma Garollo.
De acordo com o especialista, tanto graminicidas do grupo químico Ariloxi-Fenoxi Propionatos (FOPs) quanto Oxima Ciclohexanodionas (DIMs) apresentam ótima eficiência no controle da tiguera do milho até o estádio vegetativo de 4 folhas. “Mas se o produtor deixar para controlar o milho tiguera em estádios fenológicos maiores, terá de usar os graminicidas com dosagens maiores, de acordo com o estádio específico no momento da aplicação; provável preferência para os FOPs, que são mais efetivos em nível de campo nas plantas de milho, em relação aos DIMs, por exemplo”, adverte”, adverte.
Apesar de complexo, o produtor conta com aliados na hora de combater a praga. “Para acompanhar o que está ocorrendo, ele deve procurar a orientação de um engenheiro agrônomo e seguir as regras de aplicação do que for receitado, observando as condições climáticas adequadas, escolha da ponta certa de aplicação, cobertura de gotas, pressão, volume de calda, entre outros detalhes. Assim, adotar medidas em conjunto é essencial para interromper esse ciclo”.
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