Por medo do COVID-19, pacientes com doenças da retina estão interrompendo tratamento – o que pode levar à cegueira (RS)
Devido ao isolamento social decorrente da pandemia de corona vírus, a frequência de pacientes em centros de referência em oftalmologia do Rio Grande do Sul diminuiu significativamente, o que pode prejudicar o tratamento de doenças da retina como a Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) úmida e o Edema Macular Diabético (EMD)
Rio Grande do Sul, junho de 2020 – A pandemia de corona vírus fez com que a rotina de inúmeros brasileiros mudasse significativamente, já que para controlar a transmissão do vírus é necessário o isolamento social. Isso impacta não só o dia a dia de trabalho, mas também diversas outras atividades, como a própria frequência em consultas médicas. Porém, alguns motivos para sair de casa, sempre respeitando as medidas de segurança, ainda devem ser considerados essenciais. Um exemplo é a continuação do tratamento para doenças da retina, como a Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) úmida e o Edema Macular Diabético (EMD).
O problema é que centros de referência do Rio Grande do Sul vêm percebendo uma queda significativa da frequência de pacientes para seguir o tratamento destas doenças, o que pode implicar numa piora dos casos e até mesmo levar à cegueira. De 146 pacientes com doenças da retina que estavam em tratamento na Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (RS), apenas 95 seguem com a regularidade necessária.
“Dois importantes exemplos de doenças da retina são a DMRI úmida e o EMD. A primeira, relacionada ao envelhecimento, já é a causa número 3 de cegueira no Brasil1 , enquanto o EMD, que acomete pessoas com diabetes, atinge cerca de 21 milhões de pessoas no mundo2 . Ou seja: o assunto é sério e precisa ser priorizado. Caso contrário, as consequências podem se tornar irreversíveis”, explica Dr. André Moraes Freitas, oftalmologista na Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Existem opções de tratamento como laser e medicamentos injetados nos olhos que podem impedir a progressão dessas doenças e, consequentemente, evitar a cegueira, mas é muito importante que a frequência e constância do tratamento sejam seguidas para que não haja regressão das melhoras.
Um estudo publicado recentemente pela Academia Americana de Oftalmologia3 apresentou dados que mostram os possíveis impactos dessa suspensão em pacientes com DMRI úmida. “De 434 pacientes que suspenderam o tratamento com terapia antiangiogênica, a reativação da lesão no primeiro ano após a suspensão do tratamento foi de 41%, com aumento estimado de 79% ao final do quinto ano”, explica Dr. André. Os dados mostram que mesmo em pacientes que respondem bem ao tratamento, permanecendo estáveis por três meses ou mais, a suspensão da terapia pode resultar na perda de resultados visuais obtidos desde o início.
“Minha dica aos pacientes é: falem com seus médicos ou liguem para os centros de referências para obter as orientações necessárias. Cada caso deve ser avaliado individualmente, e muitos devem ter seu tratamento continuado. Essa é a chance de manter a saúde dos olhos em dia, reduzindo os riscos de novos problemas”, completa o médico.
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- 1As Condições de Saúde Ocular no Brasil - 2019, do Conselho Brasileiro de Oftalmologia
- 2American Journal of Managed Care
- 3Outcomes of Suspending VEGF Inhibitors for Neovascular Age-Related Macular Degeneration When Lesions Have Been Inactive for 3 Months – American Academy of Ophthalmology - Retina 2019;3:623-628 ª 2019 by the American Academy of Ophthalmology
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